À primeira vista, pode não parecer, mas a eficiência operacional na indústria de alimentos do Brasil é significativa. O balanço realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimento (ABIA) revela dados surpreendentes. Em 2021, por exemplo, 10,6% de todo o Produto Interno Brasileiro (PIB), foi da indústria de alimentos.
Além disso, é um mercado aquecido pela economia. No mesmo ano, recebeu R$ 13,2 bilhões de reais em investimentos e R$ 13,6 bilhões de reais em fusões. Mas não é só isso. Segundo o levantamento, 58% de toda a produção rural foi processada pela indústria de alimentos no Brasil.
Aliás, a indústria de alimentos é responsável pela criação de 1,72 milhão de empregos em todo o país. Por isso, é considerada a maior geradora de postos de trabalho, composta por mais de 37 mil empresas. Hoje, o Brasil é considerado o 2º exportador mundial de alimentos industrializados em volume e o 5º em valor.
Desafios da indústria de alimentos
Apesar de ser um setor em expansão, a indústria de alimentos enfrenta desafios. Os principais estão ligados à eficiência operacional. Evitar o desperdício e entender melhor o consumidor, encabeçam a lista. Quem explica é Stephanie Blum, executiva da Mondelez International, conglomerado multinacional de alimentos.
“Com um prazo de validade curto, há um aumento na complexidade e no custo ao longo da cadeia. Muitas vezes não é possível cobrir erros, sejam eles de perdas por armazenamento ou transporte incorreto ou com estoque de produtos. Além disso, é preciso pensar na sustentabilidade e no desperdício de energia, água e outros recursos não renováveis”, disse.
Acima de tudo, em relação ao mercado consumidor, a ordem continua sendo planejar. “É necessário fazer o planejamento de demanda de produção, tendo em mente que o consumidor deve estar sempre no centro. Mudanças nos hábitos de consumo, como a demanda por alimentos sem glúten, açúcar ou alergênicos. Todas essas variáveis impactam o volume de produção”.
Entretanto, há outro gargalo muito comum na indústria de alimentos: o acesso à informação. Já está claro que ferramentas integradas como SAP e PowerBI podem ajudar. “As informações diretas de canais de venda podem contribuir muito para o planejamento e eficiência da cadeia. Por exemplo, saber se um determinado supermercado está vendendo mais ou menos de um produto. Assim, podemos prever a demanda e começar a produção antes que ele faça uma nova compra”, afirmou.
Eficiência como estratégia
Além disso, a Stephanie Blum acredita que é possível tornar os processos mais eficientes. Para isso, devem ser levados em consideração aspectos como qualidade, capacidade, rentabilidade e valor. Pode não parecer, mas isso é uma questão estratégica. É algo que vale para ser levado em consideração.
“O único jeito de fazer os processos serem mais eficientes é aumentando sua geração de valor na cadeia. Combinar os elementos que geram valor efetivo ao cliente. Com o esforço de eficiência de ponta a ponta da cadeia, sempre garantindo a padronização e segurança alimentar como prioridade. Sempre minimizando as ineficiências nos processos de produção”, ressaltou.
Transformação digital como ferramenta de inovação
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB, para a consultoria F5 Business Growth, inovar é uma prioridade em 2022. O levantamento revelou que a transformação digital é a aposta de 70% dos líderes empresariais. A pesquisa ouviu 400 empresários e CEOs de diferentes setores econômicos do Brasil.
No entanto, o mapeamento mostrou que apenas 37% desses líderes se sentem aptos para executar ações ligadas à inovação. A agenda digital para 2022 inclui o uso de computação em nuvem (59%), Internet das Coisas (39%) e cibersegurança (31%).
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Diante disso, a executiva e uma das responsáveis pelo programa de inovação aberta da companhia, afirma que a inovação não é uma novidade na Mondelez.
“Uma grande expectativa que tenho é a da cultura da inovação dentro das empresas. Os colaboradores ficam mais motivados a procurar soluções “fora da caixa”. Procuram novas formas de utilizar dados para aumentar a produtividade, reduzimos erros e tarefas manuais e nos conectamos com o ecossistema de startups e universidades brasileiras e internacionais”, disse Stephanie.
Programa de inovação aberta “Desembala”
Por lá, já existe um programa totalmente dedicado à inovação aberta. A Mondelez anunciou, em janeiro deste ano, que investiu R$ 1 milhão na aceleração de startups. A ideia é buscar soluções para alavancar os processos de sustentabilidade, inovação e e-commerce.
“Quando lançamos o Desembala aqui na Mondelez, pude ver o engajamento dos colegas que além de animados estão comprometidos em trazer a inovação para o seu dia a dia e isso não tem preço. Seguiremos atuando para que a inovação seja parte da cultura de forma orgânica”, disse Blum.
O programa mapeou algumas das oportunidades da companhia a fim de trazer inovações para dentro da empresa. Dentre essas oportunidades mapeadas, a Mondelez pretende fazer a conexão das dores com as ideias das startups para entender onde podem ou devem investir.
Além disso, há outras ações em andamento. “Temos um grande caso de sucesso com uma startup de inteligência artificial. Ela vai nos ajudar a fazer o planejamento de demanda, por exemplo. Também lançamos um programa para usar a tecnologia de blockchain na cadeia do cacau. Estamos fazendo diversos testes com automação nos nossos armazéns”, lembrou.
Tendências de tecnologia na indústria de alimentos
Notadamente, com o avanço das tecnologias, surgem novas possibilidades. Vários setores da economia brasileira já estão buscando alternativas. Seja para reduzir custos, diminuir riscos ou acelerar a transformação digital. Com a indústria de alimentos não é diferente. Stephanie Blum, a recém-chegada na Mondelez para colaborar com o time de Supply Chain Excellence, fez algumas apostas em tendências.
“Ao utilizar dados de forma mais estratégica, podemos trazer ganhos a partir de iniciativas como o rastreamento em tempo real de veículos para otimizar rotas e sequência de entregas. A aplicação de manufatura digital (ou digital twins) também ajuda na redução de desperdícios nas fábricas. Além disso, é possível fazer a projeção de demanda com uso de big data e advanced analytics para reduzir faltas e excessos na cadeia”, disse.
Com um mercado cada vez mais exigente e consumidores vigilantes, as boas práticas não poderiam ficar para trás. Cuidar do meio ambiente, dar atenção às questões sociais e adotar uma governança corporativa ética, estão contidas nas ações de ESG. Grandes empresas e organizações dos mais diversos setores já estão adotando ações nesse sentido.
“É essencial o mapeamento de carbono na cadeia, embalagens (redução e adoção de materiais recicláveis e biodegradáveis), gestão de resíduos, água, energia, entre outros. Apenas assim poderemos transformar o mundo em um lugar melhor e todos nós temos que fazer nossa parte”, afirmou.
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Outra tendência importante é o Blockchain, que na prática, funciona como um grande arquivo compartilhado de registros de transações. “Na indústria de alimentos, vem sendo cada vez mais utilizado para rastrear a cadeia de insumos. E a terceira, o foco no consumidor. Afinal, é ele quem decide o sucesso das empresas. Por isso precisamos estar atentos às suas necessidades e desejos. Investir em inovação para entregar o melhor produto, com a melhor qualidade.
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