Certamente você já ouviu falar em transformação e aceleração digital para indústrias. Já deve ter percebido que este setor vem passando por intensas mudanças por meio de uma tendência conhecida como Indústria 4.0. Todos esses termos e conceitos estão ligados à criação de fábricas inteligentes, que utilizam dispositivos e ferramentas tecnológicas em seus processos produtivos.
No entanto, entre as principais características dessa nova indústria estão a capacidade de descentralizar as tomadas de decisão, formatar a produção de acordo com as demandas do mercado e controlar, em tempo real, os fluxos de produção e manutenção, para dar agilidade e eficiência aos processos.
Na prática, isso significa que máquinas e equipamentos passam a ter ainda mais capacidade para contribuir com a programação de manutenções, previsão de falhas e adaptações aos mais diversos fatores, como aqueles ligados às tecnologias. No entanto, o processo de transformação ou aceleração digital é complexo e ainda precisa ser mais explorado.
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Indústria 4.0 no Brasil
Uma pesquisa realizada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revelou que menos da metade das indústrias brasileiras (48%) usa pelo menos uma tecnologia digital em processos de produção. Além disso, o mesmo levantamento mostrou que as companhias utilizam tecnologias digitais aplicadas aos processos e muito pouco ou quase nada para criar ou desenvolver novos modelos e formas de negócios.
Não bastasse isso, 43% das empresas participantes ainda enfrentam dificuldades para identificar quais são as tecnologias ideais para empregar em seus processos e gerar competitividade no setor industrial. Dessa forma, fica claro que a indústria brasileira registra um atraso em relação aos processos de transformação digital. Seja por meio da aquisição e implementação de novas tecnologias ou a integração delas de forma física e digital na rotina industrial.
Quando o assunto é competitividade, o Brasil ocupa uma posição distante da liderança: estamos em 64° lugar no ranking mundial de inovação. O país ganhou cinco posições em relação ao ano anterior, quando ficou em 69° na listagem mundial. O índice é calculado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual e tem como parceiro local a CNI.
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Conheça os 6 Desafios de Inovação para Indústrias
Agora que você já sabe do que se trata a Indústria 4.0, o processo de aceleração e transformação digital, bem como a situação das indústrias brasileiras, em relação ao ranking mundial de competitividade, chegou o momento de compreender quais são os principais desafios e obstáculos que impedem ou atrapalham o avanço da inovação digital nas indústrias. Neste artigo, selecionamos 6 desafios que refletem a realidade do segmento em nosso país. Vejamos:
1. Inovação não é prioridade
A pesquisa realizada pela CNI mostrou que o Brasil ainda não está bem inserido nos conceitos de inovação e transformação digital. Isso significa que a inovação industrial ainda não é vista ou tratada como prioridade. Os dados mostraram que o Brasil ocupa o 70° lugar no ranking mundial entre os países que investem em produtos de inovação.
Neste caso, a categoria é formada por produtos científicos e tecnológicos, além de indicadores como registros de patentes e publicações. Segundo os especialistas este é um indicador capaz de medir o quanto conseguimos produzir tecnologia com insumos, condições, estrutura de capital humano e pesquisa.
2. Falta maturidade
Não basta, apenas, ter interesse ou recursos disponíveis em caixa para inovar. Se ainda não há maturidade suficiente para embarcar nessa jornada há grandes chances de fracasso. Uma pesquisa recente da Bain Company mostrou que mais da metade das empresas aqui no Brasil tem baixa maturidade quando o assunto é inovar. De acordo com os dados, 78,4% das empresas inovadoras ainda estão na fase inicial de todo o processo de inovação e apenas 21,6% estão em processos mais avançados.
Os números revelam que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Empresas e indústrias precisam ter olhares voltados para a gestão. Sem um bom planejamento, inovar torna-se um processo ainda mais custoso, lento e sem propósito. Trata-se de um esforço que demanda ações estratégicas. Sem isso, a inovação dificilmente acontece de forma ordenada e continuada.
Para que isso ocorra, há caminhos bem definidos, como executar uma mentalidade ágil focada na elaboração e desenvolvimento de projetos. Errar e corrigir deve ser algo mais comum na rotina das indústrias. Em contrapartida, fora do Brasil, apenas 26,3% dos inovadores são iniciantes, e outros 73,7% fazem parte dos grupos mais maduros, vistos como emergentes, avançados e experientes.
3. Baixa ou falta de qualificação
Muitas indústrias ainda enfrentam a escassez de profissionais qualificados para atuar nos mais diversos segmentos. A situação é exatamente a mesma quando tratamos de inovação e isso, notadamente, compromete o desenvolvimento e a difusão de tecnologias.
Vale a pena registrar que a qualificação é um fator fundamental para a competitividade, que tem como alicerce as pesquisas, o desenvolvimento de soluções e a inovação. O Índice Global de Inovação e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual, listaram o Brasil na 69ª posição entre 127 países mais competitivos do mundo.
Mais uma vez, o que percebemos, é que a inovação caminha em um ritmo muito diferente de outros países, onde há mais mais investimentos em estudos, pesquisas e desenvolvimento tecnológico para superar e aperfeiçoar processos industriais.
4. Integração com Ecossistema de Inovação
Não se faz inovação de forma isolada. Por mais que essa seja uma iniciativa interna, mais cedo ou mais tarde, haverá a necessidade de abrir as portas da indústria para outros agentes como startups, hubs e ecossistema de inovação. Já está comprovado que as parcerias possibilitam a exploração de conhecimentos especializados, a aquisição de talentos, a elaboração de ferramentas e a criação de soluções de forma colaborativa.
Os estudos da Bain Company mostram que as ações caminham nesse sentido e estão dando retorno. De acordo com a pesquisa, explorar ecossistemas fora da organização colabora e muito com a inovação, já que 100% dessas empresas, consideradas experientes, mantêm uma relação de troca com algum ecossistema de parceiros. As empresas consideradas iniciantes também não ficam atrás: 35% delas deram esse passo como prioridade diante dos desafios encontrados para implantação da inovação.
Inovar requer um aperfeiçoamento contínuo da integração do ecossistema de inovação. A explicação para isso é muito mais simples do que se imagina: a parceria permite o rápido desenvolvimento de ideias, estratégias e soluções. Sem contar que, somando esforços, há ganho de conhecimento e qualificação, tão necessários para a jornada de transformação digital. Além disso, os riscos que envolvem os projetos podem ser divididos.
5. Cultura da Inovação
Inovar exige mudança de cultura e comportamento. A ausência da cultura de inovação pode ser um grande obstáculo para a implementação de projetos em parceria com o setor de inovação, startups e hubs. Para que isso aconteça, a alta gestão da empresa precisa conhecer e validar a estratégia de inovação. Já a outra ponta deve compreender os efeitos e resultados esperados.
A princípio, a equação parece simples, mas necessita da construção de uma cultura da inovação. Em ambientes industriais, ainda há poucas iniciativas nesse sentido. Por isso, é preciso criar um ambiente propício para a cultura de ideias e o alcance de resultados. Líderes e gestores devem promover ações colaborativas com a finalidade de construir a cultura da inovação.
Considere a criação de um ambiente favorável, com espaço para o cultivo de ideias e abertos à soluções. Aplique métodos criativos para estimular o programa de inovação. Faça o planejamento de estratégias, com a finalidade de aumentar o engajamento dos colaboradores. Entenda: indústrias que apóiam uma cultura favorável à geração e a implementação de ideias poderão usufruir das vantagens competitivas que as as novas ideias trazem.
6. Escalabilidade
Chegou o momento de escalar uma solução ou replicá-la para outras áreas e setores dentro ou fora da empresa. No entanto, mesmo em indústrias consideradas emergentes, avançadas ou experientes, não é algo simples. Tomar essa decisão pode representar o sucesso ou fracasso de um projeto.
Antes de escalar, a organização precisa compreender: O escopo vai continuar o mesmo? Será preciso fazer adaptações? Há condições para isso? De onde virão os recursos? Se essas perguntas forem facilmente respondidas, o caminho é escalar. É a hora de analisar a estrutura disponível, os recursos financeiros, um time engajado e um modelo de adoção das ações. O contrato estabelecido entre as partes precisa ser respeitado.
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Superação de desafios
Os obstáculos apresentados neste artigo são apenas alguns dos principais enfrentados por indústrias em processo de inovação e transformação digital. Para superá-los não há receita pronta ou passo a passo pré-estabelecido. No entanto, vencê-los deve ser o objetivo de todos. Certamente, isso será um dos fatores que levarão ao sucesso da empresa.
Além disso, a falta de informações não podem permitir a geração de um paradigma muito comum em indústrias em processo de inovação: de que investir em tecnologia para obter mais valor agregado custa caro. Descarte essas ideias realizando cálculos de viabilidade e análises de investimento. Já está mais que provado que a inovação traz soluções, inovações e benefícios significativos. Ações que tornam os processos de produção mais eficientes e produtivos.
Platt: especializada em transformação digital
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Com a Platt, as indústrias têm acesso imediato e simplificado a diversas soluções para suas demandas de inovação e transformação digital. Atualmente nosso marketplace é composto por mais de 37 indtechs certificadas dentro de rigorosos padrões de governança e compliance. Simples, ágil e escalável.
Fontes e Referências:
https://blog.randon.com.br/inovacao-industrial/
https://www.revistaferramental.com.br/artigo/5-passos-para-fazer-inovacao-acontecer-industria/
https://blog.aevo.com.br/inovacao-industrial/
https://skyone.solutions/hub/tendencias-de-inovacao-na-industria/
https://avozdaindustria.com.br/especiais/inovacao-na-industria-e-seus-principais-desafios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-07/brasil-fica-em-64o-lugar-em-ranking-mundial-de-inovacao