Em primeiro lugar, precisamos entender o que significa o termo “ESG”. O acrônimo vem do inglês: Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança) e corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi utilizado em 2004 em uma publicação do Pacto Global. Vejamos:
Environmental: em relação ao meio ambiente, organizações devem adotar boas práticas para reduzir ou eliminar impactos ambientais, estimular a produção de energia sustentável, preservar a biodiversidade, incentivar o consumo eficiente de recursos, controlar a emissão de gases poluentes e promover a reciclagem, por exemplo.
Social: já quando o assunto é social, empresas têm o compromisso de respeitar a diversidade e promover inclusão, cultivar um bom relacionamento com a comunidade, alavancar a capacidade de inovação, supervisionar e controlar a cadeia produtiva, preocupar-se com a saúde dos funcionários e mantê-los capacitados e gerar mecanismos para a segurança de dados.
Governance: no âmbito corporativo, estar de acordo com leis, normas e padrões (compliance), buscar solidez nos processos internos, manter um conselho de administração independente, oferecer remuneração justa, ter boas práticas contábeis, desenvolver dispositivos e processos de prevenção à corrupção, entre outros.
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ESG na Indústria Brasileira
De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Instituto FSB, com executivos de 500 médias e grandes empresas industriais, para avaliar a visão das empresas brasileiras e quais ações adotaram em relação à sustentabilidade e questões ESG, o desperdício de água e energia já são praticados por 9 de cada 10 empresas pesquisadas.
No entanto, a maior preocupação dos executivos ouvidos é com o descarte de resíduos sólidos. A pesquisa revelou que 1 em cada 4 afirmou que este é o primeiro ou o segundo principal ponto de atenção em relação às boas práticas em ESG. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois a compreensão pode ser ampliada.
Apesar dos indicadores positivos, os dados mostram que 72% dos executivos ouvidos na pesquisa admitem que estão pouco ou nada familiarizados com a sigla ESG e o que ela representa ambientalmente, socialmente e corporativamente. Apesar disso, 81% dos líderes empresariais dizem que ESG é importante ou muito importante. Dos 3 pilares, a governança é vista como o mais relevante por eles, com 39% das respostas, contra 29% que citaram o social e 23%, o ambiental.
A pesquisa identificou que 42% dos empresários admitem que a empresa que comandam está atrasada e apenas 34% das organizações têm uma área formal para lidar com o tema sustentabilidade (um dos aspectos das boas práticas em ESG). Dessas, pouco mais da metade dá autonomia financeira a essa área. Outro ponto de atenção diz respeito a metas de sustentabilidade: apenas 1 em cada 3 empresas ouvidas afirma ter metas.
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ESG e o mercado
Muito mais que apenas um termo ou movimento corporativo, ser ESG já produz efeitos no mercado. O estudo apontou que 52% das médias e grandes indústrias brasileiras já tiveram alguma exigência de certificado ou ação ambientalmente sustentável utilizada como critério de contratação por parte dos clientes.
No entanto, esse é um comportamento que ainda não está disseminado nas relações estabelecidas entre as empresas, já que apenas 1 a cada 3 replica as mesmas exigências para os seus fornecedores. Mesmo assim, a grande maioria das empresas (84%) acredita que os critérios de sustentabilidade têm peso para determinados clientes e consumidores.
Para 24%, o peso é considerado alto ou muito alto. Segundo um relatório divulgado recentemente pela PwC, até 2025, 57% dos ativos estarão em fundos que consideram os critérios estabelecidos em boas práticas em ESG. O levantamento também identificou que 77% dos investidores institucionais estão planejando evitar ou não comprar produtos ou serviços advindos de organizações que não adotam ações em ESG. Aqui no Brasil, fundos voltados para ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020, segundo a Morningstar e Capital Reset.
Dos mais de 300 investidores participantes da pesquisa, 79% disseram que as práticas de ESG de uma empresa têm impacto na decisão de investir nela ou não. Isso significa que as organizações que ainda não acordaram para esse movimento, estão em desvantagem. Além disso, 49% afirmaram a intenção de retirar recursos de companhias que não tenham ações ESG concretas e 82% foram categóricos: ESG deve estar diretamente ligado às estratégias de negócio das companhias.
ESG e a competitividade
No mundo atual, cada vez mais as empresas são acompanhadas bem de perto por clientes, stakeholders, consumidores, mídias sociais, imprensa, entre outros. Seguir as boas práticas em ESG já é visto como uma vantagem que amplia a competitividade do setor industrial. É uma indicação de respeito ao meio ambiente, solidez, custos mais baixos, melhor reputação e maior resiliência em meio às incertezas e vulnerabilidades sociais e econômicas.
Segundo o Climate Change and Sustainability Services, da Ernest Young, as informações ESG são essenciais hoje para a tomada de decisões dos investidores. E os critérios ESG estão totalmente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A consultoria Walk The Talk by La Maison divulgou uma pesquisa realizada com 4.421 pessoas, com idades entre 16 e 64 anos no Brasil. O levantamento revelou que 94% dos brasileiros querem que as empresas se posicionem em relação às boas práticas em ESG, principalmente em assuntos críticos que envolvem o desmatamento, poluição do meio ambiente e questões sociais. No entanto, apenas 17% acreditam que as corporações efetivamente fazem algo nesse sentido.
É fato que as práticas em ESG podem proporcionar vantagens e gerar relevância para as indústrias. É por isso que as ações voltadas para essa área são valorizadas pelo mercado e refletem no engajamento da marca e no posicionamento da organização. Permite, ainda, aliar os interesses financeiros das empresas aos interesses da sociedade, de maneira sustentável, produtiva e assertiva. Além disso, é um jeito dinâmico e criativo de transformar modelos antigos de atuação em ações com valores voltados à humanização, diversidade e inclusão.
Benefícios das boas práticas em ESG
Um estudo realizado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) mostra que as organizações que já adotaram ações voltadas para ESG estão colhendo resultados das práticas recomendadas em questões ambientais, sociais e de governança. Entre os principais, estão: aumento da lucratividade, engajamento dos trabalhadores, reconhecimento e valorização da marca e preferência do consumidor na hora da compra. Veja como é possível agir em relação a cada um dos aspectos que envolvem as práticas em ESG:
Responsabilidade ambiental: em indústrias exige ações que reduzam ou eliminem os impactos das operações sobre o meio ambiente e utilização consciente dos recursos naturais. Fala-se muito em reversão em relação à extração de matérias-primas, através de um planejamento ambiental. O compromisso com a proteção da natureza, dos animais e da biodiversidade estão no topo das ações. Veja alguns exemplos:
- Uso de máquinas e equipamentos que gastam menos energia e reduzem a emissão de poluentes
- Incentivo às ações sustentáveis: reciclagem, recondicionamento, conservação ambiental e obtenção de recursos através de manejos sustentáveis
- Emprego de materiais certificados e com selos reconhecidos
- Apoio ao reflorestamento de áreas desmatadas
- Gestão adequada e correta de resíduos produzidos
- Redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa
Responsabilidade social: nessa área, indústrias assumem um papel cada vez mais relevante, pois as medidas refletem diretamente em questões sociais. O ideal é que o impacto gerado seja assertivo e benéfico. É algo que deve repercutir dentro e fora da organização: colaboradores, consumidores, fornecedores, entre outros. Mas como fazer isso?
- Reconhecer a diversidade e promover a inclusão na carteira de colaboradores
- Criar programas de apoio, desenvolvimento e capacitação aos colaboradores
- Incentivar o bem-estar e o desenvolvimento dos colaboradores
- Promover campanhas de conscientização, incentivar a doação, trabalhos voluntários
- Fazer parcerias com ONG’s e instituições
Governança corporativa: está ligada à administração das empresas, propondo melhorias e integrando os aspectos ambientais e sociais. Tem o dever de garantir ética, honestidade, respeito e o correto funcionamento de normas, leis e padrões dentro das indústrias. Está diretamente relacionada à permanência competitiva da indústria no mercado. Confira alguns exemplos:
- Transparência nos processos e prestação de contas
- Promoção da comunicação direta entre setores
- Combate à corrupção, crimes e não conformidades
- Definições acerca das hierarquias
- Geração de bom clima organizacional
- Reconhecimento da diversidade e combate ao preconceito
Como avaliar as boas práticas de ESG na indústria?
Apesar dos resultados obtidos após a implementação de ações ligadas às práticas de ESG, ainda não existem normas ou regulamentações que norteiam as questões abordadas. Como já vimos, há diversas maneiras de executar as recomendações na área industrial, mas colocá-las em prática ainda é um desafio para muitas organizações. No entanto, já existem ferramentas e mecanismos que podem auxiliar, como:
- Registro de ações
- Indicar a redução do consumo de energia
- Substituir matérias primas
- Realizar parcerias com foco em ESG
- Indicador Carbono Eficiente – ICO2
- Governança Corporativa
- Indicador de Sustentabilidade Empresarial – ISE.
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Necessidade de adequação e inovação
A necessidade de adequação para ser ESG é urgente. Acima de tudo, existe uma pressão por parte da sociedade. Para muitas empresas, esse é um dos principais motivos, segundo Luciano Santana.
“Os processos de produção têm sido questionados frequentemente. Decerto as empresas mantêm uma cadeia de suprimentos sustentável encontram grandes potenciais para inovar. Além disso, encontram diferenciação no mercado, diante da ampla concorrência”, afirmou Luciano Santana, economista e CEO da Green2Tech.
Por isso, não se fala em outro assunto no ambiente corporativo. Empresas e organizações do mundo todo querem incorporar boas práticas. “A sustentabilidade já virou critério para a tomada de decisões e investimentos. Portanto, é fundamental empregar recursos para mapear, acompanhar e agregar soluções de inovação aberta”, alertou o especialista.
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Fontes e referências:
https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg
https://euqueroinvestir.com/qual-o-cenario-do-esg-hoje-no-brasil-saiba-mais-aqui
https://euqueroinvestir.com/esg-72-das-empresas-admitem-que-estao-pouco-ou-nada-familiarizados-com-o-tema
https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/gestao/o-que-e-esg-e-por-que-sua-industria-precisa-conhecer
https://www.abecom.com.br/esg-setor-industrial/